Poucas cidades brasileiras guardam tantos segredos debaixo de suas ruas quanto Itajubá. No sul de Minas Gerais, ela se revela como um dos pontos mais estratégicos e enigmáticos da história nacional — onde política, fé, tecnologia e ocultismo parecem ter se entrelaçado em silêncio.
Neste artigo, abrimos as portas de um tempo pouco explorado: os anos de formação da cidade moderna, quando o Brasil estava sob o comando de Getúlio Vargas, e o mundo assistia à ascensão de regimes autoritários. Entre criptas esquecidas, túneis subterrâneos, armas e missas, emerge uma narrativa que mistura o visível e o oculto — conectando a IMBEL, a Escola de Engenharia, a Matriz da Soledade, e até a sombra de uma possível influência hitlerista.
Prepare-se para uma jornada entre o chão e o subsolo, entre o concreto e o simbólico.
Getúlio Vargas e a engenharia do poder
Durante o Estado Novo (1937–1945), Getúlio Vargas construiu um regime autoritário no Brasil, com traços que dialogavam com o fascismo italiano e o nazismo alemão — sobretudo em sua busca pela centralização, controle militar e industrialização acelerada.
Foi nesse contexto que se intensificaram os investimentos em setores estratégicos, como armamentos e formação técnica. A criação da IMBEL e o fortalecimento da Escola de Engenharia de Itajubá (fundada em 1913) se encaixam nesse projeto nacionalista, que precisava de mentes treinadas e braços produtivos.
A Fábrica de Itajubá e a política bélica de Vargas
A Fábrica de Canos e Sabres para Armas Portáteis, instalada em Itajubá em 1934, foi uma das primeiras iniciativas de militarização tecnológica no Brasil moderno. Anos depois, ela seria incorporada à IMBEL, servindo como um dos braços mais importantes da defesa nacional.
A localização estratégica da cidade não foi acaso: próxima ao Rio de Janeiro (então capital), conectada por ferrovia e ladeada por recursos naturais e mão de obra qualificada, ela se tornava ideal para um projeto de produção autônoma de armamentos.
Mas havia algo mais: a escolha do local também carregava um forte simbolismo — histórico, espiritual e, talvez, oculto.
Túneis, criptas e rotas subterrâneas: a cidade sob a cidade
Moradores antigos contam histórias sobre túneis subterrâneos que ligariam:
- A antiga fábrica à ferrovia,
- A fábrica à Escola de Engenharia,
- E, mais enigmaticamente,
- À Igreja Matriz de Nossa Senhora da Soledade.
Essas passagens, segundo relatos, teriam sido usadas para transporte secreto de materiais, rotas de fuga e, quem sabe, rituais reservados apenas a poucos iniciados. É impossível não lembrar dos túneis sob catedrais europeias e fortalezas nazistas — estruturas que serviam não apenas a fins militares, mas também simbólicos.
Será que Itajubá esconde uma história ainda não revelada sobre centros de poder subterrâneo, semelhantes aos estudados por sociedades como a Thule Gesellschaft — ocultista e ligada aos círculos internos do nazismo?
A Escola de Engenharia e os “Engenheiros do Destino”
Fundada em 1913, a Escola de Engenharia de Itajubá foi a primeira da América Latina a formar engenheiros especializados em energia elétrica — a força invisível que passaria a movimentar o mundo. Com alunos vindos de várias partes do Brasil, a escola tornou-se um celeiro técnico do projeto de Vargas, e sua influência reverbera até hoje.
Curiosamente, em suas primeiras décadas, a escola manteve forte influência religiosa e filosófica, com traços maçônicos, positivistas e católicos — e há quem diga que sua planta original seguiu alinhamentos simbólicos, como tantas construções do início do século XX.
A Igreja Matriz e os mistérios da fé enraizada na terra
A Matriz de Nossa Senhora da Soledade, construída a partir de 1819, é muito mais do que um templo religioso. Ela ocupa o ponto exato da “fundação espiritual” de Itajubá, e guarda no seu subsolo uma cripta antiga, que poucos conhecem — e menos ainda visitam.
Não seria estranho, do ponto de vista esotérico, que essa cripta fosse o coração simbólico de uma rede subterrânea, como ocorria em cidades medievais da Europa. De lá, poder espiritual irradiaria por rotas físicas e energéticas até os pontos estratégicos da cidade: a escola (mente), a fábrica (braço), o rio (vida).
Influência estrangeira e ecos do movimento hitlerista
Documentos ainda escassos sugerem que engenheiros e técnicos estrangeiros passaram por Itajubá entre os anos 1920 e 40. Alguns nomes, ligados a empresas com sede na Alemanha, teriam participado de projetos logísticos e industriais, incluindo os da antiga fábrica de armamentos.
Não se pode afirmar, mas também não se pode descartar: a possibilidade de observação técnica por parte de agentes ligados ao movimento hitlerista, interessados no avanço militar brasileiro e em regiões que abrigavam tecnologia, fé e ferro.
Em uma época em que o ocultismo era parte ativa da política (tanto na Alemanha nazista quanto na Igreja), o sul de Minas pode ter sido mais do que cenário: pode ter sido peça no jogo do poder invisível.
Conclusão: e se o passado ainda estiver vivo sob nossos pés?
Itajubá é uma cidade viva, vibrante — mas seu passado pulsa sob a superfície. Túneis lacrados, criptas esquecidas, paredes que não falam, mas testemunham. Entre santos e armas, entre circuitos e símbolos, talvez exista um chamado: desvendar as camadas ocultas de uma história que ainda está sendo escrita.