Plutão, descoberto em 1930 por Clyde Tombaugh, passou por uma reclassificação em 2006, quando foi rebaixado para planeta anão. Contudo, sua influência na astrologia permanece poderosa, representando transformações profundas, regeneração e poder oculto. A mitologia e a psicologia junguiana oferecem ferramentas valiosas para entender Plutão, revelando seu papel como um símbolo de processos inconscientes e arquetípicos.
Plutão na Mitologia: Um Olhar para o Submundo
Plutão na mitologia romana era o deus dos mortos e das riquezas subterrâneas. Comparado a Hades na mitologia grega, ambos os deuses governavam o submundo, simbolizando o reino dos mortos e o desconhecido. Atributos como o cetro, a chave e Cerberus, o cão de três cabeças, são símbolos poderosos que representam controle, poder e vigilância. O submundo, visto através da lente junguiana, pode ser interpretado como uma metáfora para o inconsciente, onde reside a sombra e o potencial de regeneração.
Um mito específico que ilustra bem essa relação é o rapto de Perséfone por Hades. Neste mito, Hades leva Perséfone ao submundo, e sua mãe, Deméter, lamenta a perda, causando um inverno eterno na Terra até que Perséfone seja autorizada a retornar. Esse mito simboliza os ciclos de morte e renascimento, refletindo os processos de transformação e regeneração associados a Plutão.
A Conexão entre Mitologia, Astrologia e Psicologia Junguiana
Na astrologia, Plutão simboliza transformação, poder e regeneração, refletindo seus atributos mitológicos. Arquétipos junguianos como a Grande Mãe, o Sábio Ancião e o Herói ressoam com a energia de Plutão, representando forças profundas e transformadoras. A sombra, um conceito central na psicologia junguiana, encontra em Plutão seu símbolo astrológico, indicando as partes reprimidas da psique que necessitam ser integradas. O processo de individuação, ou a jornada para se tornar um ser completo, é intensamente influenciado pela energia plutoniana.
Plutão e a Psicologia Profunda
Plutão está intimamente ligado ao inconsciente coletivo, um conceito junguiano que abrange os elementos partilhados da psique humana. Os mitos e lendas de Plutão manifestam-se como símbolos poderosos no inconsciente coletivo, refletindo temas de morte, renascimento e transformação. A influência de Plutão pode ser vista em processos psicológicos profundos, como a morte e o renascimento, a catarse emocional e a integração da sombra.
Diferentes culturas têm suas próprias interpretações do submundo e da morte. Por exemplo, na mitologia egípcia, Osíris é o deus dos mortos e da vida após a morte, representando também a ressurreição e a regeneração. Na mitologia hindu, Yama é o senhor da morte e guardião do dharma (lei moral). Esses paralelos mostram como a ideia de um reino dos mortos e de transformação é universal e pode ser relacionada ao papel de Plutão na astrologia.
Plutão na Astrologia Moderna: Uma Perspectiva Junguiana
Nos mapas natais, a posição de Plutão indica áreas de vida onde ocorrem transformações intensas e onde reside o poder pessoal. Durante os trânsitos de Plutão, indivíduos podem enfrentar crises que oferecem oportunidades para uma profunda transformação. A Era de Aquário, associada a grandes mudanças coletivas, ressoa com a energia de Plutão, sugerindo uma época de intensa transformação social e individual, alinhada com os conceitos junguianos de individuação e consciência coletiva.
Conexões com a Arte e a Literatura: Obras literárias e artísticas frequentemente exploram temas plutonianos. Por exemplo, a obra “O Retrato de Dorian Gray” de Oscar Wilde lida com a temática da corrupção da alma e o desejo de eterna juventude, refletindo os processos de transformação e decadência associados a Plutão. Em artes visuais, artistas como Francisco Goya, com suas pinturas sombrias e intensas, capturam a essência do submundo e das emoções ocultas.
Conclusão
Plutão, através da interconexão entre mitologia, astrologia e psicologia junguiana, revela-se como um símbolo poderoso de transformação e regeneração. Ao compreender sua influência em nossas vidas e na sociedade, podemos usar essas ferramentas para uma introspecção mais profunda e uma jornada de autoconhecimento mais rica.